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Foto do escritorGrupo Atrás do Pano

Raízes e asas: sobre a criação da dramaturgia do espetáculo "Quase Árvore"

Francisco Falabella Rocha é escritor e dramaturgo. É autor do texto e da dramaturgia do espetáculo Quase Árvore, nova montagem do Grupo Atrás do Pano. É dele também a dramaturgia do outro espetáculo que o Grupo prepara para 2020, inspirado no livro A Contadora de Filmes, do escritor chileno Hernán Rivera Letelier.


Em Quase Árvore, Francisco se inspirou na poética de Manoel de Barros e criou um texto potente, repleto de camadas e que versa sobre sonhos e silêncios, sobre poesia. Abaixo, um breve relato do dramaturgo sobre a criação da obra:


Ao escrever o texto, me lembrei das histórias do meu pai Carlos e do meu avô Francisco. Um calado, outro prolixo. Um comportado, outro extrovertido. Um árvore, outro passarinho. Velho-Novo; Adulto-Menino. Um me ensinou a escalar abacateiro; com o outro compartilho o amor pelos livros. No fundo, duas experiências que levam ao mesmo caminho. O amor pela natureza e pela poesia são formas de se aproximar do outro e de nós mesmos. Cuidar do planeta é também cuidar do próximo. Que é também cuidar da gente. São essas lições que se aprendem com pé descalço no chão, no fundo de um quintal de terra batida.


Assim foi o processo de criação dessa dramaturgia. Sempre contando com as ideias poéticas do Paulo, a generosidade do Rodrigo, com a visão sensível e certeira dos companheiros Epa e Fábio para os apontamentos do texto. Além da confiança da Myriam, do carinho da Ana e a expectativa de todo o grupo para a nova criança vir ao mundo: quase-quase-quase...


Tentativas. Ideias. Improvisos. Ensaios. Reescrita.


Um processo que fez cada um puxar, retorcer, girar, redescobrir a palavra. Um texto autoral que brinca com a poesia serena de Manoel de Barros e suas inutilidades. Não apenas espelhando suas palavras poéticas, mas buscando a filosofia que o poeta propõe com elas. Assim, aproximamos o início e o fim de nossa caminhada. Juntando o velho e o novo, no gosto pela brincadeira entre essas duas inusitadas figuras: Carvalho e Carocinho. Andarilhos, malucos, amigos. Que antes não existiam, mas agora existem.


A arte é o lugar onde se planta as mudanças do mundo.


(foto: Luiza Palhares / Paisagem Lava)

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